Na tarde desta sexta-feira, 27, o Papa Francisco conduziu um momento de oração com toda a Igreja pelo fim da pandemia de coronavírus; Benção Urbi et Orbi foi concedida

Do Patamar da Basílica de São Pedro, o Papa Francisco realizou na tarde desta sexta-feira, 27, o momento de oração com toda a Igreja pelo fim da pandemia de coronavírus (Covid-19). Antes da reflexão do Pontífice, foi proclamado o Evangelho de São Marcos (4, 35-41) que relata o momento em que Jesus está em uma embarcação junto aos seus discípulos, quando surge uma grande tormenta.

No Evangelho, Jesus encontra-se dormindo na popa do barco. Os discípulos o acordam e dizem: “Mestre, não te importa que pereçamos?”. Jesus desperta, repreende o vento e o mar, e diz-lhes: “Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?”. O texto, frisa o Pontífice, narra que a situação ocorre ao entardecer. “Vivemos semanas que parecem o entardecer”, pontuou.

“Densas trevas cobriram nossas praças, ruas e cidades, apoderaram-se das nossas vidas, deixando tudo em um silêncio ensurdecedor e vazio”. Francisco afirmou que é possível pressentir e notar nos gestos e no olhar de homens e mulheres o temor diante da pandemia, uma semelhança com os discípulos do evangelho que foram surpreendidos pela tempestade.

O atual momento, segundo o Papa, fez com que a humanidade compreendesse que todos estão no mesmo barco, frágeis, mas que também todos são chamados a rezar juntos e serem encarecidos de mútuo encorajamento. “Tal como os discípulos, dizemos a uma só voz: ‘Vamos perecer’. Assim, também nós percebemos que não podemos continuar a estrada cada qual por conta própria. Só conseguiremos juntos”.

Confiar em Deus

O fato de dormir na popa do barco, é para o Pontífice, a demonstração da confiança que Jesus tinha no Pai. “É a única vez que vemos em um Evangelho, Jesus que dorme”, observa. As palavras de Jesus ao acordar, são destacadas pelo Santo Padre: “Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?”. O Pontífice exorta os fiéis a compreenderem em que consiste essa falta de fé dos discípulos que se contrapõem à confiança de Jesus.

“Não é que deixaram de crer n’Ele, mas é a forma com que O invocam: ‘Mestre, não te importa que pereçamos?’. Não te importas? Pensam que Jesus tinha se desinteressado, que não cuidava deles. Esta percepção teria abalado Jesus. “Não há alguém que não se importe mais conosco do que Ele”. Para o Santo Padre, a tempestade desmascara a vulnerabilidade humana e deixa visíveis supérfluas seguranças construídas, hábitos e prioridades. “Deixamos adormecido aquilo que sustenta e nutre a nossa comunidade”, repreendeu.

Francisco comentou a velocidade com que homens e mulheres vivem e que os faz sentirem-se fortes e capazes. “Deixamos-nos absorver pelas coisas e nos transtornar pela pressa”, alertou. “Não nos detivemos diante de vossos apelos ou em face de guerras e injustiças planetárias. (…)Não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta que gravemente padece. Agora nós sentimo-nos em um mar agitado e imploramos: Acorda Senhor !”.

“Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?”. Com esta frase, o Papa sublinha que o Senhor lança à toda a humanidade um apelo à fé. “Não é sobre acreditar que Tu existes, mas sobretudo vir a Ti”, observou. O Pontífice citou a Quaresma, tempo vivido pela Igreja, para ressoar o apelo: “Convertei-vos. (…) Convertei os vossos medos”.

Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo, afirmou o Santo Padre. Para o Papa, Deus chama os fiéis a aproveitarem este tempo de decisão, para decidirem o que conta e o que passa, separar o que é necessário daquilo que não é e reajustar a rota da vida rumo a Deus e aos outros.

Neste momento, o Pontífice comentou sobre pessoas exemplares, que neste tempo e no medo, ofereceram a própria vida. “É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas. (…) Mostra como nossas vidas são tecidas por pessoas comuns que não aparecem em manchetes e revistas”. Médicos, enfermeiros, trabalhadores de supermercados, faxineiros, policiais, voluntários, sacerdotes, religiosos e muitos outros compreenderam que ninguém se salva sozinho, declarou o Papa.

De acordo com o Santo Padre, é perante o sofrimento que se mede o verdadeiro desenvolvimento dos povos. “Descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: que todos sejam um”. Pais, mães e professores também foram citados por Francisco que os declarou como essenciais para mostrar às crianças como enfrentar uma crise com esperança. “Quantas pessoas rezam e intercedem pelo bem de todos. A oração e o serviço se relacionam, são nossas armas vencedoras”, complementou.

“Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?”, repetiu o Papa, que refletiu: “O início da fé é reconhecer-se necessitado da salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos. Convidemos Jesus para subir no barco da nossa vida. Com Ele à bordo experimentaremos, como os discípulos, que não há naufrágio e sim força de Deus. (…) Ele serena nossas tempestades. Com Deus a vida não morre jamais”.

Reavivar a solidariedade e a esperança

Em meio à tempestade da pandemia, o Pontífice afirma que o Senhor interpela homens e mulheres a reavivarem a solidariedade e a esperança que dá solidez e apoio nas horas em que tudo parece naufragar. “O Senhor desperta para acordar e reanimar a nossa fé pascal. (…) Na vossa cruz fomos salvos, resgatados, curados e abraçados para que nada e ninguém nos separe do vosso amor redentor”, frisou.

No meio desse isolamento que faz parecer limitação de afeto e encontros, o Santo Padre exorta os fiéis a ouvirem o anúncio que falta: “Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz Ele nos desafia a encontrar a vida que nos espera, que nos clama”. Para reforçar e reconhecer a graça que mora em homens e mulheres, Francisco pediu que todos deixem reacender a esperança.

“Abraçar a Sua cruz é abraçar todas as contrariedades atuais, abandonar ânsia de onipotência para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. (…) Na sua cruz fomos salvos para colher a esperança. Abraçar o Senhor para abraçar a esperança, aqui está a força da fé que liberta do medo e dá esperança. (…) Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações”, concluiu.

Após a reflexão, o Santo Padre conduziu a Adoração ao Santíssimo Sacramento, que foi concluída com a Benção Urbi et Orbi, concedida da porta da Basílica Vaticana para a cidade de Roma e para o mundo.

Informações extraídas do site Notícias Canção Nova:
(https://noticias.cancaonova.com/especiais/pontificado/francisco/pandemia-abracar-o-senhor-para-abracar-esperanca-pede-papa/)

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